• Keine Ergebnisse gefunden

A COMPARAÇÃO COM A GEOGRAFIA RACIONALISTA O roteiro de pesquisa da geografia emocional, vinculado ao intelecto e

Im Dokument MANEIRAS DE LER (Seite 102-106)

GEOGRAFIA EMOCIONAL E CULTURAL, EM COMPARAÇÃO COM A RACIONALISTA

A COMPARAÇÃO COM A GEOGRAFIA RACIONALISTA O roteiro de pesquisa da geografia emocional, vinculado ao intelecto e

ao espírito, quer evidenciar os valores culturais e o significado atribuído aos lugares, assim como eles são percebidos e gerar visões e imaginações.

A geografia racionalista, ligada á matéria, está muito longe de tudo isso: ela não pode entender a trama de símbolos e valores, assim, não aproxima-se das emoções. Seu desenvolvimento está entrelaçado à filosofia positivista, que influencia uma forma de ver o mundo, e do método científico. O positivismo afirma-se na segunda metade do

século XIX com as teses de Auguste Comte (ABBAGNANO, 1998, pp 835-836).

Apropriando-se da preocupação positivista, a geografia considera o mundo como uma trama de relações causais. A realidade é um conjunto de elementos humanos e naturais que se combinam de diferentes maneiras e interagem, dando origem a estruturas espaciais nas quais os elementos estão ligados por relações de causa e efeito. O método é um empirismo indutivo, racionalista, decididamente anti-metafísico.

103

O único conhecimento possível é fornecido pela ciência que examina os fatos e descobre as causas.O único método válido é o que se baseia na observação e experimentação. Para descrever este método, utiliza-se muitas estratégias de caráter lógico, também formais e matemáticos. Para Adalberto Vallega, a geografia racionalista, que ele chama a gramática racionalista, é (2004b, pp 28-29): “o primeiro evento, o mais praticado hoje, da profissão do geografo [...]. A gramática racionalista impos-se, porque foi capaz de representar o território de uma forma coerente com as grandes conotações ideológicas da sociedade moderna”.

Ele estudou esse aporte, apresentado em algumas publicações (2004a;

2004b). Seus conceitos, abordagens e métodos são completamente opostos aos da geografia humana. A base racionalista do conhecimento geográfico é o território e seus processos de territorialização. A presença humana no pla-neta, deu origem a relação homem-ambiente que, por sua vez, deu origem a eventos locais. Esta relação pode ser definida das seguintes maneiras: se o ambiente condiciona o homem e suas seleções, se está interagindo com ele, ou se está condicionado pela sociedade e cultura.

No primeiro caso, a configuração teórica é a de determinismo am-biental: a natureza influencia as formas de organização e produção das co-munidades humanas. No segundo, afirma-se o projeto conceitual do pos-síbilismo: o homem e a natureza se influenciam mutuamente. A natureza coloca restrições, mas também apresenta uma ampla gama de seleções para o comportamento humano.

O último caso centra-se sobre as formas em quais ocorrem e desen-volvem as relações entre comunidades humanas e a natureza. Nos últimos anos Setenta-Oitenta, isso deu origem à teoria da regionalização em que as investigações são realizadas por Claude Raffestin (1977) e Angelo Turco (1988).

Outros aportes racionalistas são o estruturalismo e o funcionalismo, a teoria do sistema de regime geral e complexo. O objeto é sempre o território compreendido como uma estrutura de elementos interligados que intera-gem com seu meio ambiente. O objetivo final é o de explicar para chegar à prática que exige qualquer intervenção no território, tais como planos e programações de vários tipos.

Na definição humanista, como mencionado, o objeto é o lugar e a paisagem, abertos as emoções e ao irracional, reconhecidos como predomi-nantes nas relações que se entrelaçam. O objetivo já não é a explicação da realidade, mas sua compreensão baseada na potencialidade psicológica que tem. Renúncia-se ao raciocínio de forma lógica, ao argumentar de forma racional, para entender o que significado tem o mundo na esfera existencial do homem e na escala de seus valores.

A comparação entre a perspectiva humanista e a racionalista mostra toda a sua diversidade e incompatibilidade, acumuladas em bases totalmen-te diferentotalmen-tes. Adalberto Vallega se pergunta se as duas perspectivas podem coexistir em cenários de prática geográfica e de intervenção no território. Ele conclui que (2004b, p. 51):

Entre os geógrafos racionalistas e os geógrafos huma-nistas são diálogos, mas também uma profundidade de fratura [...]. A gramática humanista foi cultivada raramente e principalmente na investigação para fins cognitivos para que seu uso tem sido até agora um evento elitista. No caso em que ambas as gramáti-cas pudessem coexistir na prática territorial – em-bora mantendo-se em planos separados – então po-deríamos delinear intervenções menos mecanicistas daqueles que pertencem ao planejamento e à gestão nascidas no racionalismo urbano e apoiadas na con-cepção estruturalista. Poderíamos dar espaço para os valores da cultura, manter devidamente em conta as condições de vida dos indivíduos e das comunidades, fornecendo terras para a emoção e a imaginação do indivíduo.

Espera-se que estas palavras encontrejam ouvido e que a geografia humanista, com sua identidade cultural e emocional, posta de lado, não permaneca somente um caminho para enriquecer os perfis de conheci-mento.

104

REFERÊNCIAS

DULAU R., PITTE J.-R. (dir.), Géographie des odeurs, Paris, L’Harmattan, 1998.

FARÉ I. (a cura), Il discorso dei luoghi, Napoli, Liguori, 1992.

GALLI DELLA LOGGIA E., “Religione e scienza: tramonta il «secolo lungo»”, Corriere della sera, 31 ottobre, 2005, p. 25.

HALL E. T., The Hidden Dimension, New York, Doubleday, 1966.

HELLPACH W., Geopsyche. Die Menschenseele unter dem Einfluβ von Wetter und Klima, Boden und Landschaft, Leipzig, Engelmann, 1911.

HUMBOLDT von A., Ansichten der Natur: mit wissenschaftlichen Er-läuterungen, Tübingen, Cotta, 1808 (ed. ital., Quadri della natura, Scandic-ci (Fi), La Nuova Italia, 1998).

KEARNEY A., “Homeland emotion: an Emotional Geography of Heri-tage and Homeland”, International Journal of HeriHeri-tage Studies, vol. 15, n. 2-3, March-May 2009, pp. 209-222.

LEHMANN H., Essays zur Physiognomie der Landschaft (Hrsg. von Anneliese Krenzlin u. Renate Müller), “Erdkundliches Wissen”, H. 83, Stut-tgart, Franz Steiner Verlag Wiesbaden, 1986.

LYNCH K., Il senso del territorio, Milano, Il Saggiatore, 1981 (ed. orig., Managing the sense of region, 1976).

LOWENTHAL D., Environmental Perception and Behaviour, Chica-go, University of ChicaChica-go, Depart. of Geogr., Research Paper, n. 109, 1967.

LOWENTHAL D., “ The american scene”, Geographical Review, vol.

58, 1968, pp. 61-88.

MERLEAU-PONTY M., Senso e Non senso, Milano, Il Saggiatore, 1962.

MERLEAU-PONTY M., Fenomenologia della percezione, Milano, Il Saggiatore, 1965.

PALLASMAA J., The eyes of the skin. Architecture and the senses, New York, John Wiley, 2005 (ed. ital., Gli occhi della pelle. L’architettura e i sensi, Milano, Jaca Book, 2007).

PASCAL B., Pensées, Paris, Faugère, 1844.

PERSI P. (ed.), Territori contesi, Pollenza (Macerata), Ciocca, 2009.

ABBAGNANO N., Dizionario di filosofia, Torino, Utet Libreria, 1998.

ANDERSON K., SMITH S. J., “Editorial: Emotional Geographies”, Transactions of the Institute of British Geographers, n. 26, 2001, pp. 7-10.

ANDREOTTI, G., Paesaggi culturali, Milano, Unicopli, 1996.

ANDREOTTI G., Riscontri di Geografia culturale, Artimedia-Trenti-ni, 2008a (1a ed., 1994).

ANDREOTTI G., “Geografia emozionale. Quale significato?”, in P. Persi (ed.), Territori emotivi. Geografie emozionali, Università di Urbino, 2010, pp. 529-532.

ANDREOTTI G., “Amazzonia emozionale”, Bollettino della Società Geografica Italiana, XIII, vol. 3, n. 2, 2011, pp. 241-272.

ANDREOTTI G., Paisagens culturais, Curitiba, UFPR, 2013.

BACHELARD G., La Terre et les rêveries de la volonté, Paris, José Corti, 1947.

BACHELARD G., La poétique de l’espace, Paris, Presses Universitai-res de France, 1957.

BRUNO G., Atlas of emotion. Journeys in Art, Architecture, and Film, New York, Verso Books, 2002.

BUTTIMER A., “Charism and context: the challenge of «La Géographie Humaine»”, in Ley D., Samuels M. (eds.), Humanistic Geography. Pros-pects and Problems, London, Crooms Helm, 1978, pp. 58-70.

CASSIRER E., Philosophie der symbolischen Formen. Erster Teil: Die Sprache. Berlin, Bruno Cassirer, 1923.

CASSIRER E., Philosophie der symbolischen Formen. Zweiter Teil:

Das mythische Denken. Berlin, Bruno Cassirer, 1925.

CLAVAL P., “La géographie culturelle et l’espace” in J-F. Staszak (dir.), Les discours du géographe, Paris, L’Harmattan, 1997, pp. 119-144.

COSGROVE D., “Place, landscape and the dialectics of cultural geogra-phy”, The Canadian Geographers, vol. 22, n. 1, 1978, pp. 66-72.

DARDEL E., L’Homme et la Terre. Nature de la realité géographique, Paris, Puf, 1952.

DAVIDSON J., BONDI L. and SMITH M. (eds.), Emotional Geogra-phies, Aldershot (UK)-Burlington (Usa), Ashgate, 2005.

DORFLES G., Elogio della disarmonia, Milano, Garzanti, 1986.

105

PERSI P. (ed.), Territori emotivi. Geografie emozionali, Università di Urbino, 2010.

PILE S., The body and the city: psychoanalysis, space and subjecti-vity, London-New York, Routledge, 1997.

POCOCK D. C., “La geografia umanistica”, in P. Dagradi (a cura), I concetti della geografia umana, Bologna, Pàtron, 1989, pp. 185-190.

RAFFESTEIN C., Territorialità e paradigma centro-periferia. La Svi-zzera e la Padania, Milano, Unicopli, 1978.

RELPH E., Place and Placelessness, London, Pion, 1976.

RELPH E.,”Humanistic phenomenology and geography”, Annals of the Association of American Geographers, vol. 67, 1977, pp. 177-179.

SMITH M., DAVIDSON J., CAMERON L., BONDI L. (eds.), Emo-tion, place and culture,

SORACI E. (a cura), Atti del Convegno Dall’immagine all’immaginato: una nuova percezione della Geografia, Casale Monferrato (4-6 settembre 2008), in CD.

Farnham (UK)-Burlington (Usa), Ashgate, 2009.

THRIFT N., “Intensities of feeling: towards a spatial politics of affect”, Geografiska Annaler. Series B, vol. 86, n. 1, 2004, pp. 57-78.

TUAN Yi-Fu, “Space and place: a humanistic perspective”, Progress in Geography, vol. 6, 1974a, pp. 231-252.

TUAN Yi-Fu, Topophilia, New Jersey, Prentice-Hall, 1974b.

TURCO A., Verso una teoria geografica della complessità, Milano, Unicopli, 1988.

VALLEGA A., Geografia umana. Teoria e prassi, Firenze, Le Mon-nier, 2004a.

VALLEGA A., Le grammatiche della geografia, Bologna, Pàtron, 2004b.

WERLEN, B., “Géographie culturelle et tournant culturel”, Géogra-phie et Cultures, vol. 47, 2003, pp. 7-27.

106

PARTE II:

Im Dokument MANEIRAS DE LER (Seite 102-106)

Outline

ÄHNLICHE DOKUMENTE